sábado, 30 de janeiro de 2010

Os Motivos da Viagem "Interrompida"

Esses dias peguei uma carona com meu pai, já aposentado, e conversei sobre algumas idéias de vida e de viagens. E, dentre outras longas histórias (meu pai daria um livro, bem grande) ele me falou que seu pai (meu avô), quando ele tinha a minha idade (já estou chegando nos 50), falou para ele: ".. filho, se algum dia tiver vontade e condições de fazer algo, faça. Porque vai haver um tempo em que terás vontade e não terás condições, ou terás condições e não terás mais vontade". 

Nos últimos anos tenho feito minhas viagens de carro ou moto pelo SUL da América do Sul, dissecando a Argentina, Chile e Bolívia. Fiquei deslumbrado com a Patagônia e principalmente com a Carretera Austral, lugar com a paisagem mais bela que já vi. Fui a Ushuia e para espanto de alguns, mais de uma vez (o que não se faz pelos amigos), e uma delas em pleno inverno, e andei pelo sul e leste da Bolívia, sempre acima de 3 ou 4 mil metros, o que anda me cansando, seja pelo excesso de gordurinhas, seja pela idade. De MachuPichu a Nazca foi uma epopéia, com problemas mecânicos, na estrada com mais curvas que já tive oportunidade de andar. A ruta 16 na Argentina e o Atacama viraram amigos, tantas as vezes que passei por lá, pois é roteiro de saída de Porto Alegre para o oceano pacífico.


Todavia, exceto por uma viagem ao Chile de 15 dias, de moto, em 2004, relativamente calma, o resto foi tudo na correria, ou rodando 1.400km de moto por dia, ou virando a noite dirigindo carro, em revezamento, tanto que quando vim de Ushuaia para Porto Alegre, no inverno de 2007, levamos 42 horas. Ou seja, aproveitando os “feriadões”, ou algum restolho de férias, pois nas mesmas tenho priorizado viajar como uma pessoal “normal” com a família.  O Norte do Brasil ou da América do Sul fica inacessível nesses prazos e, exceto uma ida de carro ao deserto do Jalapão em 2007, ou tiros curtos de moto para Goiás, norte do RJ, pouco tenho “subido”.



Não tenho tempo, e, se trabalho, ganho, se viajo, não ganho e gasto, que equação cruel. É, ainda estou naquela ampla maioria dos brasileiros que tem que trabalhar para viver. Talvez daqui a 50 anos.......

Nenhum comentário: